domingo, 5 de junho de 2011

Mais um a(Deus)

Local familiar, família reunida,
Lembranças pairando a qualquer canto;
Sentimentos por aí ganhando vida,
Nada de novo por enquanto.

Histórias de ontem mal contadas,
Saudades então compartilhadas,
Água morna e levemente salgada,
Conversa alta e ao mesmo tempo calada.

Pensamentos em comum,
O mesmo em toda mente;
Medo da perda de repente,
Maldita perda de mais um.

Desvio súbito de assunto,
Tema então banalizado,
Choro quase disfarçado,
Mero sorriso simulado.

O esperado, ainda que esperado,
Chega de repente,
Sem prenúncio ou passe ou prece,
Simplesmente acontece.

Sem chão, sem ar, sei não
Se é possível manter-se ileso
Da dor de ver, dá não,
O suposto forte ser surpreso.

E enfim, novamente a perda é tida,
Até então somente pressentida...
E mesmo quem pressente sente
A saudade que vem à desmedida.

Jardim de flores tantas e ainda assim capaz
De não ter cheiro de nada e trazer cheiro de paz.
Paz que não é de espírito e tampouco desejada,
Cheiro de choro e soro e morte e mais nada.

Local familiar, sentimentos sem medida,
Lembranças pairando a qualquer canto;
Família por aí perdendo vida,
Nada de novo por enquanto.