domingo, 21 de fevereiro de 2010

Meio-dia

Ela despertou-se nostálgica após uma noite inesperada de sonhos.
Tomou seu café preto, fumou um cigarro.
Abriu a geladeira no intuito de encontrar refúgio. Ao invés disso, encontrou uma jarra de suco e um pote usual de margarina.
Colocou a água para esquentar. Abriu o armário e pegou a típica lata de massa de tomate.
Recolheu as calcinhas penduradas no box e deixou-as jogadas na cama.
Fumou outro cigarro.
Ligou a televisão, nada de novo.
Abriu a janela, a luz veio de intrusa chocar-lhe os olhos ainda sonolentos.
Pegou o pacote de macarrão, colocou o molho no fogo.
Trocou de canal.
Pegou o cesto de roupas sujas, colocou-as para bater com a folga de estudante que tem máquina de lavar.
Roeu as unhas.
Escorreu a água do macarrão, desligou o fogo.
Desligou a tv. Comeu em silêncio.
Lavou a louça. Ligou o rádio.
Tomou um banho, lavou o cabelo.
Vestiu outro pijama.
Fumou mais um cigarro.
Voltou a dormir.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ausência

Será como um anjo. Frequentemente invisível, eternamente presente.

De uma hora para outra, o tempo me rouba mais uma dádiva.
E de repente, devo aprender a continuar vivendo.
Por culpa de ninguém, a presença física estará longe por tempo demais.
E o que me consome é a saudade de quem ainda está aqui.
Contenho as lágrimas de olhos fechados, porque é bem mais fácil fingir que desconheço.
Mas o tempo se esgota e assim, me desespero.
Assim como quem ri para não chorar, eu choro por não ter escolha.
E assim, resta mais um vazio em meus dias.

"Eu volto para te buscar."
Até lá, vou vivendo como quem escova os dentes.
Dia após dia. Contento-me enfim, com o que me resta.

Será como um anjo. O meu anjo.

Vivemos, convivemos, sumimos.