Então o amor entra pela porta
Como a brisa que me refresca a face
Retira o suor de minhas têmporas
E o nó doído de meu peito
E tudo o que parecia já não ter mais jeito
Volta a vigorar de novo
E de novo sou o melhor de mim
O melhor que fica sob a casca
A casca seca e quebradiça
Que trinca e traz caco
Caco fraco e tão nefasto
Logo do bom me afasto
E já não há o que me salve
Desse fosso insalubre de defeito
Defeito desses d'alma
Que vem consigo sem saber
Que o dano mal causado
Já destrói o que vai ser
E é tão grande esse querer
A vontade de curar
Que não há mais como estar
Nessa paz o tempo todo
Mas sim nesse eterno incômodo
De mudar o que já é
Pois o que é já não agrada
Já perturba e desalinha
O que veio como bênção consagrada
E não como mera ladainha
Então o amor parte pela porta
E lá vamos nós de novo
Na luta de ser o melhor que há
O que fica sob a casca
O que ainda não se basta
Pretendendo o que virá