sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Indiferença

-Sentiu isso?
-Hm? Perguntou Fábio, enquanto tinha mais atenção à fria tela do computador do que à própria esposa.

-Este cheiro... Cheiro de Natal.
Manoela se encontrava junto à janela, apreciando o céu noturno, temendo ser tola por notar tantos detalhes.
-Ah Manoela, não diga asneiras. Não, não senti cheiro algum.
Ela desfez o meio sorriso que tinha na face e o brilho que habitava-lhe os olhos sumiu subitamente. Fechou a janela e foi à cozinha descongelar a carne do dia seguinte.
-Peixe ou frango, Fábio?
Era a única coisa que ele comia após se tornar "vegetariano", além da típica salada de cada dia.
-Não virei almoçar amanhã, comerei qualquer coisa na rua.
-Demorará a chegar? Estava pensando em dar uma volta no calçadão e admirar a decoração deste ano.
-Seria ótimo, querida, mas terá de ficar para o fim de semana. Você sabe que estou cheio de trabalho e que tenho prazos a cumprir.
-Sim, Fábio. Verei se mamãe me acompanha.

Ele então fechou o notebook, deu-lhe um beijo na testa e foi ao quarto se trocar e dormir.
Enquanto isso, Manoela tirava a mesa, lavava os pratos e pegava os sapatos que Fábio diariamente deixava na sala, local em que permanecia horas após chegar e em que muitas vezes, jantava na companhia de seus dígitos.
Ela então abriu o armário da pia e tirou de lá uma garrafa de whisky. Tomou duas doses enquanto uma lágrima descia de seus olhos.

Secou a lágrima, lavou o copo e foi deitar.

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