quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Devaneios de uma madrugada vã

Na calada da fria e sombria noite
A brisa sopra feito nefasto açoite
Respirações ruidosas resultantes de pesado sono
Algazarra murmurante de um cão sem dono.

Por um breve instante somente
Os pensamentos fogem ligeiros
Não mais se encontram na mente
Mas sim em momentos faceiros.

Momentos estes de outrora
Lembranças dos dias de ontem
Pois que saibam ver e que montem
O traiçoeiro quadro de agora!

Onde antes nenhum sentimento havia
Hoje nota-se o tremor da agonia...
Quem sabe o medo de perder, mas capaz!
Perder aquilo que nunca terás?

Inquietos e insones tardares
Façam o leito e deixem dormir
Mais esta alma que tenta fugir
Do pesado fardo de todos os pesares.

Ah! Mas como é tolo o ser humano!
Palerma toda raça de gente
Prende-se àquilo que não se tem
Entrega-se àquilo que não se sente!

Por não se ter é que quer
Mas querendo demais não se tem
Aprende, ó, burra mulher
Que aqui não cabe um porém.

Desde o início dos tempos
Não se domina os tantos sentidos
Piedosa vida, que nos dá contratempos,
Mas ainda assim, não lhe damos ouvidos.

Há de sofrer, pois, homem maldito!
Já que não escutas o auxílio divino
Das tuas dores, faz uma lista
E te assume, eterno masoquista.

Um comentário:

  1. Magnífica descrição dessa questão: até onde temos enxergar com a mente onde os olhos não vêem? tua desenvoltura está em se entregar a imaginação e permanecer sã para nos descrever este belo poema, cada vez te admiro mais, seu talento é indescritível, meus parabéns.

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