Ela trabalhava, lembrando-se de uma época então já tão longínqua, ainda que bem recente. Lembrou-se da rotina, do roteiro, do receio... Do passado tão presente, dos discentes, dos docentes.
Lembrou-se que às segundas pegava o ônibus e jantava na padaria e que às quartas sequer jantava, pois não dava tempo.
Às sextas, chegava tarde das aulas de circo e nadava desnuda em noites quentes.
Pegava o ônibus pela manhã, mas às vezes faltava por ter sono.
Comia macarrão instantâneo, mas às vezes dormia por ter fome.
Dormia acompanhada, depois de certo tempo. Ora aqui, ora acolá, ora em qualquer lugar.
Quando tinha dinheiro, almoço na feirinha e quando muito quente, sorvete na cantina.
A roupa do dia era da cor que quisesse e de todas possíveis. Calça larga, camiseta e suor.
Suor de um sol tão escaldante e de um céu tão colorido. Suor de aulas tão difíceis e de um corpo tão doído.
Noites em claro, estômago revirado, dores de cabeça e aula prática. Ressacas de festas iradas e noites viradas.
Amores de cada dia, de todos os dias. De dias que não se quer lembrar.
Amigos tão presentes, tão pra sempre, que o pra sempre não verá.
Novos dias hão de vir. Nova rotina e roteiro e receio. E passados e presentes e discentes e docentes.
Só não vem o que já foi.
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