Era Dia de Finados. Alguns nem sequer faziam conta.
Era só "mais um feriado", que infelizmente havia caído em um domingo.
Raquel não tinha afazeres aos domingos. Praticamente passava o dia sob o delicioso ócio. Quando muito, lia um livro ou estudava. Normalmente dormia.
Não naquele domingo. Não era um domingo qualquer, era Dia de Finados.
Para ela, significava viagem. Era o que lhe vinha à mente quando referia-se a este dia.
Fez planos na véspera, colocou uma troca de roupa na mochila e sacou certa quantia de dinheiro para a gasolina.
Amanheceu triste naquele dia, algo habitual. Não apertou o botão de soneca do celular. Levantou-se prontamente, ao ouvir a desagradável melodia do despertar.
Tomou um banho, comeu algumas bolachas água e sal e tomou uma xícara de café.
Escovou os dentes, pegou a mochila e saiu.
No elevador, separava o dinheiro da gasolina e deixava a quantia restante em outro bolso.
Abriram-se as portas do elevador, lá estava seu querido fusquinha verde. Ela tinha orgulho por ter sido ela a pagar por ele. Deu uma batida no controle do portão, estava com um sério problema de mau contato.
Saiu, enfim. Sofreu o trânsito matutino, parou em um posto para abastecer. Logo chegou à rodovia.
Percorreu longos quinhentos quilômetros, enquanto tinha em mente lembranças que agora lhe traziam um gosto amargo à boca.
Em crise de nostalgia, derramava sobre o volante lágrimas contínuas.
Chegou na cidade, quase na hora do almoço. Parou em um restaurante pequeno à beira da rodovia. Cumprimentou os funcionários, como se fosse algo que fizesse sempre.
Comeu e tornou a sair.
Parou agora em uma loja de conveniência. Pegou o restante do dinheiro, aquele guardado em outro bolso, e então comprou duas latas de cerveja.
Parava agora em um lugar bonito, rodeado por árvores e flores. Parecia um tipo de jardim. Certamente era. Um 'Jardim da Paz'.
Percorria agora suas estreitas ruas, com a sacola da conveniência em mãos. Chegou a um lugar, onde residia uma frondosa árvore repleta de flores brancas, parecia ser um tipo de ipê. Caíam algumas, tornando o cenário encantador. Por serem brancas, lembravam algodão, ou talvez neve.
Ela sentou-se sob a árvore, numa bela e fresca sombra. A brisa era extremamente agradável.
Tirou as cervejas da sacola.
-Oi, Camila. Não me esqueci da sua.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAH que triste, não quero morrer primeiro que você.
ResponderExcluirque coisa linda. e triste.
ResponderExcluirNossa, que profundo! :|
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