segunda-feira, 8 de março de 2010

Algodão doce

Era Dia de Finados. Alguns nem sequer faziam conta.
Era só "mais um feriado", que infelizmente havia caído em um domingo.
Raquel não tinha afazeres aos domingos. Praticamente passava o dia sob o delicioso ócio. Quando muito, lia um livro ou estudava. Normalmente dormia.
Não naquele domingo. Não era um domingo qualquer, era Dia de Finados.
Para ela, significava viagem. Era o que lhe vinha à mente quando referia-se a este dia.
Fez planos na véspera, colocou uma troca de roupa na mochila e sacou certa quantia de dinheiro para a gasolina.
Amanheceu triste naquele dia, algo habitual. Não apertou o botão de soneca do celular. Levantou-se prontamente, ao ouvir a desagradável melodia do despertar.
Tomou um banho, comeu algumas bolachas água e sal e tomou uma xícara de café.
Escovou os dentes, pegou a mochila e saiu.
No elevador, separava o dinheiro da gasolina e deixava a quantia restante em outro bolso.
Abriram-se as portas do elevador, lá estava seu querido fusquinha verde. Ela tinha orgulho por ter sido ela a pagar por ele. Deu uma batida no controle do portão, estava com um sério problema de mau contato.
Saiu, enfim. Sofreu o trânsito matutino, parou em um posto para abastecer. Logo chegou à rodovia.
Percorreu longos quinhentos quilômetros, enquanto tinha em mente lembranças que agora lhe traziam um gosto amargo à boca.
Em crise de nostalgia, derramava sobre o volante lágrimas contínuas.
Chegou na cidade, quase na hora do almoço. Parou em um restaurante pequeno à beira da rodovia. Cumprimentou os funcionários, como se fosse algo que fizesse sempre.
Comeu e tornou a sair.
Parou agora em uma loja de conveniência. Pegou o restante do dinheiro, aquele guardado em outro bolso, e então comprou duas latas de cerveja.
Parava agora em um lugar bonito, rodeado por árvores e flores. Parecia um tipo de jardim. Certamente era. Um 'Jardim da Paz'.
Percorria agora suas estreitas ruas, com a sacola da conveniência em mãos. Chegou a um lugar, onde residia uma frondosa árvore repleta de flores brancas, parecia ser um tipo de ipê. Caíam algumas, tornando o cenário encantador. Por serem brancas, lembravam algodão, ou talvez neve.
Ela sentou-se sob a árvore, numa bela e fresca sombra. A brisa era extremamente agradável.
Tirou as cervejas da sacola.

-Oi, Camila. Não me esqueci da sua.

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