domingo, 20 de dezembro de 2009

Não maltrate o meu amigo

Seja com uma palavra amiga, atenção cedida ou compreensão inusitada, Fátima sempre esteve lá. A princípio, notei-a com receio. Afinal, o que não é íntimo certamente intimida. Perguntei o seu nome e assim, dei início. Dei início a algo que hoje não tem fim.
Fátima sempre pareceu-me mais que os outros, fato que de alguma forma costumava me incomodar. Porém, somente até o dia em que notei que, de fato, ela era. Era e sempre foi.
Indescritivelmente, creio que nos ligamos de tal maneira, tão distinta, que hoje somos quase que um só. Um só elo, comum entre dois corpos. Ela, forte, sincera, secamente encantadora. Eu, fresca, fraca e inutilmente alegre.
Diferente do que há, a diferença é o que nos torna iguais.
O que faz meus dias é ver a menina de óculos vermelhos, que nada faz além de sê-la. Aquela que possui a voz que soa aos meus ouvidos como uma sinfonia.
"Aprendi uma música nova", ela me diz com frequência. O fato é que Fátima, sem saber, rói as cordas do meu violão. E assim como as músicas que ela aprende, todas as outras, de alguma forma, me recordam-na.
O que tira meu sono à noite é a possibilidade de um dia perdê-la. De perder o suspiro que hoje me mantém. De perder o sorriso que hoje me contém. Para ela, o restante. Por ela, a renúncia.
Fátima sempre esteve lá. No decorrer do tempo, na origem da distância, na mutável convivência. Nos olhos chorosos, nos telefonemas, nos deslizes rotineiros. Seja com um abraço acolhedor, um lugar só nosso, uma viagem , uma música, um mergulho sem biquíni ou até mesmo com um achocolatado. Fátima sempre esteve lá.
Fátima sempre foi Fátima.

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